Estudo aponta que em Pacientes Internados com Covid-19, a Obesidade aumenta o Risco de Complicações Cardiovasculares

Data de publicação: 17/11/2021

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Em estudo inédito, grupo de pesquisadores identificaram a obesidade como principal fator de risco para complicações cardiovasculares em pacientes internados com estado moderado de Covid-19.

O estudo foi capaz de isolar todas as comorbidades individualmente e determinar como e em que proporção o Índice de Massa Corporal (IMC) influenciou nos indivíduos que serviram como objeto de estudo, para o desenvolvimento ou agravamento da disfunção endotelial.

Vamos entender um pouco mais sobre esse estudo a partir de agora.

DISFUNÇÃO ENDOTELIAL
O endotélio é uma camada de células que reveste o interior dos vasos sanguíneos, exercendo diversas funções essenciais. Ele funciona como barreira entre o sangue e os demais tecidos, exerce controle na homeostase vascular, atua na produção de vasos sanguíneos novos, dentre outras coisas.

Quando o endotélio é agredido, uma de suas principais funções que é garantir a capacidade dos vasos de se retraírem e relaxarem, o indivíduo tem uma condição batizada de “disfunção endotelial”. O indivíduo com tal condição corre maior risco de desenvolver cardiopatias, tal como infarto do miocárdio, AVC, trombose, etc.

O ESTUDO
O estudo foi realizado por pesquisadores brasileiros a partir dos dados de 109 pacientes, homens e mulheres, com idade média de 51 anos e que foram internados no Hospital Estadual de Bauru e na Santa Casa de São Carlos.

Uma vez que a disfunção endotelial foi identificada em pacientes internados com Covid-19, os pesquisadores isolaram e analisaram cada comorbidade que poderia explicar a deterioração da função endotelial nesses pacientes.

Para isso, na ocasião da internação foi realizada uma coleta de sangue desses pacientes e então uma avaliação da função endotelial 72 horas depois, para efeito de comparação. O exame utilizado foi a “Dilatação Mediada Pelo Fluxo” (FMD sigla em inglês), no qual é medido o diâmetro da artéria braquial por ultrassom antes e depois de uma manobra que interrompe momentaneamente o fluxo.

TESTES
No exame, após a desobstrução da artéria braquial, o aumento repentino do fluxo sanguíneo serve como sinal para o endotélio produzir óxido nítrico, substância vasodilatadora, que garante a dilatação da veia. Quanto maior é a dilatação, melhor é a função endotelial e o estudo identificou que em pacientes obesos, internados com Covid-19, essa função era bastante reduzida.

Isso em si, porém, não é um indicador definitivo, poderia ter sido uma coincidência. Para avaliar qual eram os fatores mais determinantes na degeneração da função endotelial, foram realizados dois testes.

CONCLUSÃO
Com uma “análise de regressão univariada” foi verificado separadamente cada fator: idade, peso, comorbidades, raça, sexo, sedentarismo, atividade física, tabagismo, nível de creatina, IMC, FMD e medicamentos usados. Com uma “análise de regressão múltipla” foi avaliado todo o conjunto.

O estudo identificou a obesidade como principal e maior agravante da deterioração da função endotelial na seguinte proporção: para cada unidade adicional de IMC, há uma redução de 0,19% na FMD.

Autores: Alessandro Domingues Heubel; Ariane Aparecida Viana; Stephanie Nogueira Linares; Vanessa Teixeira do Amaral; Nathany Souza Schafauser; Gustavo Yudi Orikassa de Oliveira; Paula Camila Ramírez; Bruno Martinelli; Tiago da Silva Alexandre; Audrey Borghi Silva; Emmanuel Gomes Ciolac; Renata Gonçalves Mendes.